Temquepensar


Cecília Meireles
maio 11, 2011, 11:32 am
Filed under: Sem categoria

“Acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tanto se deixam arrastar, mostrar-lhes a vida em profundidade, sem pretensão filosófica ou de salvação – mas por uma contemplação poética afetuosa e participante”

EPIGRAMA Nº 2

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.



Pedrada na testa
janeiro 17, 2011, 3:54 am
Filed under: Eduardo - Pira

Caramba, como tenho sempre pensado nisso.
Às vezes minha amiga chilena Caru, com quem divido algumas angústias pela internet, me diz que sou muito existencialista. E talvez seja mesmo. Mas não consigo existir sem pensar a existência em suas mais diferentes formas.

 



Como será o amanhã?
janeiro 3, 2011, 5:45 am
Filed under: Eduardo - Pira

Às vezes eu queria ficar pra ver. Viver mais mil, dois mil anos pra testemunhar o que vão falar sobre esses todos que hoje falam por aí com tanta propriedade. O Lula e o Mainardi, o Malafaia e o Caio Fábio, a Lady Gaga e a Nina Becker, e incontáveis outros. O que pensarão as proximas gerações acerca do legado que estão contruindo e logo deixarão? Que raio de frutos nascerão das sementes que têm jogado nesses dias por aí? Seus cuspes cairão em suas testas? Serão considerados loucos, vanguardistas, visionários, ou serão esquecidos, desconsiderados? Assim como aqueles que viveram nos tempos de Paulo de Tarso, de Joana D’Arc, de Elvis Presley, e que não sabiam no que toda aquela ebulição ia dar, será que eu, um dia, serei imaginado por um outro qualquer como um bem-aventurado por ter vivido no tempo destas pessoas, por ter tido a oportunidade de acompanhá-los enquanto vivos? Assim como aqueles, eu também não sei. E talvez o barato do lance esteja nisso: em acreditar sem saber no que vai dar.



Conclusão sobre liberdade
novembro 17, 2010, 1:49 am
Filed under: José Fernando

Voltava sem saber o que estava realmente sentindo. Era um tipo de miscelânea de sentimentos, misto da dor da perda com a incerteza do que iria acontecer dali pra frente. Os momentos recém passados provocaram-lhe sensações das mais intensas, já antes vividas pelo coração não mais tão imaturo tal qual pensara. Sentia uma angustia inversamente proporcional àqueles momentos pelos quais passou ao lado dela, eternizados na memória.

Apesar de tudo, consciente do tamanho de sua alma, mantinha-se convicto de que tudo tinha valido a pena. Não duvidara nem por um instante que cada momento despendido, cada ansiosa e incerta batida do coração nos instantes que antecediam a presença do encontro, cada olhar peremptório de certeza de que não havia mais o que se fazer senão se entregar e esperar o tempo curar qualquer eventual mágoa existente, cada gesto de carinho entregue ao sentimento de intensidade sem fim que insistia em permanecer e crescer, enfim, que todos esses momentos não se constituíam em neblina fugidia, passível de ser dispersa por qualquer pequena brisa que naturalmente passa.

Mais tarde, acalentado pelos pensamentos posteriores, concluiu não haver culpa por amores desfeitos. Lembrou-se apenas das palavras do poeta, para quem a verdadeira liberdade surge no momento em que um homem encontra a mulher amada. Lembrou-se também de que para esse mesmo poeta, “o maior solitário é o que tem medo de amar”.

Certo da permanência desses princípios que regiam, regem e hão de reger o modo como irá se portar diante das enigmáticas situações que certamente viverá, mantinha-se firme na espera do reencontro com a verdadeira liberdade, afastando-se de vez da solidão que começava a sentir e que breve iria arrebatá-lo em tristeza.

Contudo, esqueceu-se da relatividade do conceito de liberdade, o qual encontra variações em cada pensamento.

Esqueceu-se, enfim, que muitas vezes a ansiedade na busca pela liberdade de um coração pode provocar a prisão do outro, despreparado para receber tanto sentimento…



novembro 11, 2010, 2:51 pm
Filed under: Sem categoria

Enquanto corria, percebia o poder do destino. O que é está predestinado, irá acontecer. O caminho está trilhado, somos previsíveis o suficiente a ponto de nos deixar enganar pela falsa realidade da opção. Para toda escolha já existe uma resposta, e qualquer alteração em seu percurso também a caracteriza,

Sua mente estava condicionada a esse pensamento. Estava aterrorizado. Porque seu subconsciente o aprisionava nessa idéia em seus últimos minutos de vida? Afinal, seria esse o pensamento que transcorre a mente de todos quando a morte de aproxima?

Suas pernas começavam a fraquejar pelo cansaço, a chuva batia em seu rosto, e lembrou-se de jamais sentir uma dor tão penetrante, que machucava além da pele.

Se ao acordar, tivesse saído direto de casa, como de costume, sem tomar um banho para curar a ressaca do dia anterior. Se aquela moça que faz malabares no farol não tivesse segurado o transito por 10 minutos ao se acidentar com uma baliza. Se 5 minutos antes não tivesse discutido com o motorista ao lado por uma manobra irracional de sua parte, talvez não tivesse morrido.

Seus joelhos fraquejaram, com um baque forte, foi derrubado no chão.. de longe ouviu o estouro do tiro da arma.

Se após a discussão com o motorista, não tivesse ficado tão irritado e descontado sua raiva em sua namorava que o aguardava na padaria próxima, não teria terminado com ela e saído intempestivamente pela rua, sem reparar ao seu redor.

O estabelecimento à frente da padaria, acabara de ser assaltado, e a ultima coisa da qual se deu conta, foi um capuz negro violentamente forçado contra sua cabeça, seguido de um golpe em suas costas.

Sentiu seu próprio sangue jorrar pelo caminho de terra pelo qual corria, fazendo um desenho mórbido ao se entrelaçar com a água da chuva.

Conseguira escapar, mas sua fuga a pé resultou numa soma de eventos friamente calculados pela morte para alcançar mais uma vítima.



Hino Brasileiro
outubro 26, 2010, 9:17 pm
Filed under: Crônicas, poemas e outros textos

Hino Racional Brasileiro
Ouviram do Ipiranga as margens trágicas
De um povo Heróico, bravo, e relutante
E o sol da liberdade, em falsos púlpitos
Ouviu-se o som da pátria destoante
Desdenhou da igualdade
Conseguimos torturar com braço forte
Em teus seios, ó liberdade
Prostituída e humilhada até a morte

Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve, salve!

Brasil, um sonho intenso, um falso símbolo
O amor e a esperança desfalece
Em seu cinzento céu, sem gosto, insípido
A imagem do cruzeiro empalidece
Gigante pela própria safadeza
Um povo que se explora até o osso
E o teu futuro espera por grandeza

Terra dourada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil
Tão descarada!
Dos filhos deste solo és mãe senil!
Pátria amada Brasil.



trova
outubro 8, 2010, 4:16 pm
Filed under: Crônicas, poemas e outros textos

Atirei um limão doce
Na janela de meu bem:
Quando as mulheres não amam,
Que sono as mulheres têm!

Manuel Bandeira



Renúncia
outubro 8, 2010, 1:26 pm
Filed under: Crônicas, poemas e outros textos

Chora de manso e no íntimo… Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura…

A vida é vã como a sombra que passa…
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira…

Manuel Bandeira



outubro 8, 2010, 10:58 am
Filed under: Crônicas, poemas e outros textos

“…da alegria nasce a tristeza. Ou a lembrança da felicidade passada é a angústia de hoje, ou as amarguras que existem agora tem sua origem nas alegrias que podiam ter existido.”

Edgar Allan Poe

trecho extraido do conto: “Berenice”



classificados de uma cidade feia
outubro 7, 2010, 12:13 am
Filed under: Thiago Nunes

Vende-se apartamento com 3 suites
de frente pra piscina